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MP estabelece prazo de 120 dias para plano de desativação da Usina Hidrelétrica de Colíder (MT)

A estrutura encontra-se em nível de “alerta” desde agosto, em razão de falhas recorrentes no sistema de drenagem, que podem gerar risco de rompimento da barragem, conforme apuração do MPMT.

Escrito por Renan Botega

17 SET 2025 - 08H40

O Ministério Público de Mato Grosso recomendou, nesta terça-feira (16), que seja apresentado, em até 120 dias, um plano de desativação da Usina Hidrelétrica de Colíder, localizada a 648 km de Cuiabá. A estrutura encontra-se em nível de “alerta” desde agosto, em razão de falhas recorrentes no sistema de drenagem, que podem gerar risco de rompimento da barragem, conforme apuração do MPMT.

A recomendação prevê a remoção ou desativação das instalações, o destino adequado dos rejeitos e a recuperação ambiental da área afetada. O pedido foi protocolado na 2ª Vara de Colíder como medida cautelar.

Em nota, a Eletrobras afirmou já ter adotado ações de segurança voltadas à proteção dos trabalhadores e do meio ambiente, e declarou não enxergar fundamentos para a concessão da cautelar solicitada, embora siga à disposição das autoridades.

Em comunicado divulgado ao mercado financeiro na segunda-feira (15), a empresa informou que, dos 70 drenos que compõem o sistema da usina, quatro apresentaram danos desde a aquisição do ativo. Esses drenos têm a função de liberar a pressão da água sob a barragem.

Para reduzir os riscos, a usina baixou o nível do reservatório, o que permitiu a inspeção dos drenos e diminuiu a pressão sobre a estrutura. No entanto, essa medida causou impactos ambientais, como a morte de cerca de 1.500 peixes, alterações na qualidade da água, prejuízos à biodiversidade e à fauna migratória.

Segundo o MPMT, o rebaixamento do reservatório também afetou a pesca, o turismo e o comércio regional, com perdas estimadas entre R$ 10 e R$ 12 milhões anuais. Além disso, comprometeu eventos culturais, como o “Fest Praia” e o “Viva Floresta”, e dificultou o acesso das comunidades ribeirinhas ao rio, atingindo diretamente seu modo de vida.

A promotora de Justiça Graziella Salina Ferrari destacou ainda que a usina já foi responsável pela morte de mais de 52 toneladas de peixes no rio Teles Pires — 50 mil em 2014, dois mil em 2018 e, em 2017, sem número definido. Para ela, os problemas estruturais representam não só riscos sociais, mas também perdas econômicas relacionadas à pesca e ao consumo alimentar.

O procurador de Justiça Gerson Barbosa explicou que a exigência do plano considera o risco potencial de colapso.

“É uma medida de gestão de riscos e de restauração do rio. Caso, futuramente, se confirme a inviabilidade da hidrelétrica, o plano já estará pronto, economizando tempo e reduzindo os riscos sociais e ambientais”, afirmou.

Na mesma ação, o MP solicitou à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) a revisão da licença ambiental da usina, além da atualização dos planos de emergência e contingência, a criação de canais de comunicação com a população, a instalação de sistemas sonoros fixos de alerta e o depósito antecipado de R$ 200 milhões para garantir reparação dos danos já identificados e de possíveis prejuízos futuros.

A Usina

Instalada no rio Teles Pires, a Usina Hidrelétrica de Colíder possui potência de 300 megawatts-hora e um reservatório de 168,2 km² de área total, com 94 km de extensão.

Em operação desde 2019, abrange os municípios de Colíder, Cláudia, Itaúba e Nova Canaã do Norte. Atualmente, Mato Grosso conta com 142 usinas hidrelétricas em funcionamento, entre pequenas, médias e grandes, com suas respectivas barragens.

Fonte: G1MT

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