Denise, grávida de oito meses, assassinada pelo marido em Campinas (SP). Maria José, morta a facadas pelo companheiro diante dos filhos, no Distrito Federal. Adriana, asfixiada pelo marido em São José da Coroa Grande (PE). E, em São Paulo, o caso que chocou o país nesta semana:
Tainara Souza Santos, de 31 anos, atropelada e arrastada por cerca de 1 km pelo carro de Douglas Alves da Silva. A equipe do G1 conversou com a mãe da vítima e especialistas que ajudam a entender por que tantos homens ainda são tão violentos com mulheres no Brasil.
O país registrou, em 2023, o maior número de feminicídios já contabilizado: 1.492 vítimas, média de quatro mulheres assassinadas por dia. Em grande parte dos casos, os autores são companheiros ou ex-companheiros. O recorde ocorreu mesmo após o aumento da pena para feminicídio, que hoje pode chegar a 40 anos de prisão.
“A gente vive uma escalada da violência contra a mulher, especialmente do feminicídio”, afirma Juliana, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Segundo ela, a brutalidade dos crimes mostra que não há mais limites: “Não basta matar. É preciso humilhar, subjugar, violar todos os direitos dessas mulheres.”
Durante a semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também comentou o caso de Tainara.
Para ele, o enfrentamento à violência contra a mulher precisa envolver diretamente os homens:
“Não é uma questão das mulheres, é uma questão dos homens. Precisamos ter vergonha, nos educar e tratar as mulheres com respeito.”
Leis existem — mas ainda não bastam
Apesar de possuir avanços legais importantes, o Brasil ainda é considerado um país perigoso para mulheres. Há 19 anos foi criada a Lei Maria da Penha, resultado de intensa mobilização de movimentos feministas. Depois dela, vieram outras conquistas:
2015: feminicídio incluído no Código Penal, com aumento das penas.
2018: importunação sexual se torna crime.
2021: violência psicológica contra a mulher passa a ser tipificada, com pena de até dois anos.
Mesmo assim, os mecanismos ainda não conseguem prevenir a violência.
“Muitas medidas focam apenas na repressão. Ainda não lidamos com as raízes que antecedem a violência”, explica Juliana.
Ela destaca que muitas vítimas não reconhecem de imediato que estão em situação de risco e, quando pedem ajuda, encontram um sistema de justiça que nem sempre consegue protegê-las.
A ministra do STF Cármen Lúcia defende uma atuação mais integrada e ágil. Para ela, o combate à violência exige uma rede articulada de apoio às vítimas e políticas públicas mais efetivas.
E reforça que a mudança cultural depende da educação:
“Precisamos de uma educação capaz de transformar uma cultura de violência que explode nesses atos de barbárie.”
Casos recentes evidenciam padrão de violência
Diversas cidades registraram episódios graves de agressões motivadas por ciúmes, controle e tentativas de impedir que a mulher termine o relacionamento.
Belém (PA) — Em 26 de outubro, Graziela foi arrastada por mais de 200 metros pelo carro do namorado, o médico Felipe Almeida Nunes, após uma crise de ciúmes durante um casamento. Ele já havia sido denunciado por outra ex-namorada.
São Paulo (SP) — Douglas Alves, que atropelou e arrastou Tainara por 1 km, já tinha sido preso em 2023 por portar uma pistola 9mm. Em junho, fez um acordo na Justiça e foi liberado. Cinco meses depois, descumpriu o acordo e cometeu o crime que deixou a vítima gravemente ferida.
Fonte: G1
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