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Da lavoura ao porto: a longa rota da soja de Mato Grosso até o Pará

Essa jornada, realizada por milhares de caminhões, demanda organização, tecnologia e principalmente resistência dos motoristas que cruzam o país transportando o grão.

Escrito por Renan Botega

03 OUT 2025 - 15H33

A soja produzida em Mato Grosso percorre uma extensa e estratégica rota até os portos do Pará, de onde segue para o mercado internacional. Essa jornada, realizada por milhares de caminhões, demanda organização, tecnologia e principalmente resistência dos motoristas que cruzam o país transportando o grão.

Com duas décadas de experiência no trajeto até o porto de Miritituba, em Itaituba (PA), o motorista Everaldo Baeta conhece bem cada desafio da estrada. Ele explica que, ao chegar ao armazém, há sempre uma lista organizada com nomes e placas dos caminhões que devem seguir para o carregamento.

No passado, Everaldo relatou que a viagem entre Ipiranga do Norte (MT) e Miritituba podia levar até seis dias, principalmente porque os caminhões precisavam esperar os morros secarem após as chuvas. Hoje, com a pavimentação, o percurso pode ser feito em cerca de 23 horas, incluindo paradas programadas para descanso e refeições.

Apesar do avanço, os obstáculos ainda existem: buracos, fumaça à noite, curvas perigosas e acidentes frequentes, sobretudo envolvendo motociclistas em alta velocidade. Por isso, segundo o motorista, é essencial manter disciplina e respeitar os horários de descanso exigidos pela fiscalização, garantindo a segurança de todos que circulam pela estrada.

“Eu tomo café às 7h, almoço entre 11h e 13h, e às 19h já paro para banho e descanso. Só cozinho no caminhão quando não tenho opção, mas normalmente paro em restaurantes”, contou Everaldo.

Ao chegar a Miritituba, no entanto, os motoristas enfrentam outro desafio: as longas filas para descarregar. Mesmo com agendamento prévio, muitos acabam esperando dias. De acordo com Everaldo, os principais problemas são trechos sem asfalto, chuvas intensas e o excesso de caminhões enviados para o terminal.

“O porto tem capacidade para cerca de 200 caminhões, mas chegam quase o dobro”, relatou.

No momento do descarregamento, os motoristas passam pela balança, entregam a documentação e recebem o ticket para a moega — estrutura metálica ou de concreto onde os grãos são despejados, pesados e classificados antes de seguir em embarcações fluviais ou ferroviárias.

Depois, a soja é transportada pelos rios até os portos marítimos, de onde é enviada para diversos destinos internacionais.

Em 2024, o Brasil exportou quase 100 milhões de toneladas de soja, sendo Mato Grosso responsável por 25% desse total. Os portos do Arco Norte, incluindo Miritituba, responderam por cerca de 35% do escoamento nacional. Além da soja, também passam pelo terminal grandes volumes de fertilizantes, muitos importados da Rússia.

Toda essa operação, que vai do carregamento nas fazendas até o embarque nos navios, exige logística precisa, uso de tecnologia e muito esforço humano. É esse conjunto que garante que o grão mato-grossense continue chegando às mesas do mundo.

Fonte: G1MT

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Por Renan Botega, em Agro

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