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Preço do café pode recuar em 2026, mas deve seguir elevado

Para 2026, a expectativa é de alguma queda nos preços, mas sem alívio significativo para o consumidor. A avaliação é de especialistas do setor, que destacam que a redução deve ser moderada e insuficiente para tornar o café barato.

Escrito por Samantha Quinzani

22 DEZ 2025 - 17H13

O ano de 2025 começou com o preço do café em níveis historicamente altos. Em fevereiro, o produto registrou a maior inflação acumulada em 12 meses desde a implantação do real. A escalada foi tão intensa que chegou a estimular a comercialização de um “café fake”, produzido a partir de resíduos de lavoura.

Para 2026, a expectativa é de alguma queda nos preços, mas sem alívio significativo para o consumidor. A avaliação é de especialistas do setor, que destacam que a redução deve ser moderada e insuficiente para tornar o café barato.

Apesar das condições climáticas mais favoráveis à safra atual, os últimos anos foram marcados por colheitas frustradas devido ao calor excessivo e à estiagem. Como resultado, os cafezais ainda não se recuperaram plenamente para atender toda a demanda, explica o pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Renato Garcia Ribeiro.

Segundo ele, esse cenário limita a intensidade da queda nos preços. Em agosto, por exemplo, o café registrou recuo de 0,23%, o primeiro desde dezembro de 2023.

Clima mais favorável, mas ainda com riscos

As projeções climáticas para a segunda quinzena de dezembro e o início de 2026 são positivas. As lavouras estão em fase de florada, e a previsão de chuvas favorece essa etapa do cultivo, aponta Cesar Castro Alves, gerente da Consultoria Agro do Itaú BBA.

Caso o volume de chuvas se mantenha adequado no primeiro trimestre de 2026, os grãos devem se desenvolver melhor, o que pode elevar a produção de café arábica no Brasil e contribuir para a recomposição dos estoques globais. Até lá, porém, a oferta seguirá restrita.

O café arábica, variedade mais produzida no país, se desenvolve melhor em temperaturas entre 18 °C e 22 °C e é o mais consumido por ser considerado mais saboroso.

Mesmo com perspectivas mais otimistas, 2025 trouxe desafios adicionais. No Cerrado Mineiro, houve registro de geadas e atraso no início das chuvas, segundo Ribeiro. Além disso, após um bom volume de precipitações no fim de 2024, os meses de fevereiro e março de 2025 foram marcados por cerca de 45 dias de calor intenso e seca, prejudicando o fim da safra.

O pesquisador lembra ainda que o café é uma cultura bienal: após um ano de colheita elevada, a produção do ciclo seguinte tende a ser menor, pois as plantas precisam se recuperar. Em 2026, muitos galhos ainda estarão em formação e só devem atingir plena produtividade no verão.

“Apesar de alguma melhora recente, viemos de quase cinco anos com condições climáticas desfavoráveis. Grande parte das lavouras ainda está em processo de recuperação”, afirma.

Estoques apertados e demanda firme

A demanda global por café segue em crescimento, enquanto os estoques permanecem baixos no Brasil, observa Alves, do Itaú BBA. Para a safra 2026/2027, a instituição projeta que a produção mundial supere o consumo em cerca de 7 milhões de sacas. Até lá, a disponibilidade de café arábica continuará limitada, o que pode restringir as exportações.

Isso ocorre porque a colheita começa em abril, mas o café só chega efetivamente ao mercado a partir de setembro. Enquanto isso, os estoques seguem pressionados tanto pelo consumo interno quanto pelo aumento das compras dos Estados Unidos, após o fim da tarifa de 50% sobre o café brasileiro.

A safra de 2025, inclusive, já está praticamente toda comercializada, sem margem para atender novos compradores, segundo Ribeiro.

“Não há um alívio relevante nos estoques. O consumo cresce e o mundo precisa de mais café, por isso não esperamos preços muito menores”, reforça Alves.

Avanço do café robusta

Diante da seca e das temperaturas elevadas, produtores intensificaram investimentos no café robusta, variedade mais resistente ao clima adverso, embora menos popular que o arábica.

Esses investimentos já melhoram as margens dos produtores, mas devem demorar a chegar ao consumidor final, já que uma lavoura de café leva cerca de dois anos para iniciar a produção, explica o consultor do Itaú BBA.

Ainda assim, o uso do robusta em maior proporção nos cafés do tipo blend tem se tornado mais comum e ajudado a reduzir parcialmente os custos.

“Isso contribui para aliviar um pouco os preços neste momento de escassez do arábica e pode ajudar na transição até uma safra melhor”, conclui o economista.

Fonte: G1

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