Ah, o 12 de junho. Para a maioria das minhas amigas, é um dia de posts ensaiados no Instagram, buquês de rosas que custam o mesmo que um rim no mercado paralelo e declarações de amor com a profundidade de um pires. Para mim, Cícera, namorada de Antenor, é o dia do ano em que eu testo meus reflexos, minha paciência e a durabilidade do meu seguro de saúde.
Eu amo o Antenor, de verdade. Amo seu jeito pragmático, sua honestidade brutal e o fato de que seu conceito de "romance" foi aparentemente formatado por um manual de instruções de furadeira. Todo ano, eu entro no Dia dos Namorados com uma esperança cautelosa, uma fé inabalável de que, desta vez, ele vai acertar. É uma tradição tão nossa quanto as catástrofes que invariavelmente se seguem. Quem precisa de flores quando se tem uma história de quase-incêndio para contar, cortesia de um extintor de incêndio "presenteado" no ano retrasado?
Este ano, porém, algo estava diferente. Ele me mandou uma mensagem misteriosa: "Prepare-se para uma noite inesquecível. Use branco." Meu coração, um tolo incorrigível, deu um salto. "É hoje!", pensei. "Ele vai me pedir em casamento com um anel escondido num urso de pelúcia gigante!". A realidade, como sempre, foi muito mais criativa.
Ao chegar ao apartamento dele, encontrei a porta entreaberta e o ambiente numa penumbra que faria um filme noir parecer a casa da Barbie. Entrei, sentindo-me a protagonista de um romance. O chão estava coberto de... bem, de coisas que pareciam pétalas de rosas à distância. Dei meu primeiro passo e a física me traiu. As pétalas, na verdade de um plástico escorregadio digno de uma pista de patinação olímpica, me lançaram numa pirueta aérea involuntária. Meu voo romântico terminou com o som melancólico de uma mesinha de centro se partindo sob o meu peso. Caída no chão, em meio aos destroços de madeira e pétalas traiçoeiras, eu só conseguia pensar: "Pelo menos o vestido branco ainda está intacto".
Antenor surgiu da cozinha, com os olhos vermelhos (de paixão? Não, de suco de maracujá, descobri depois) e um pânico contido. Ajudou-me a levantar e me guiou até a mesa de jantar. Foi quando o cheiro me atingiu. Uma fumaça densa, com notas de peixe e desilusão, pairava no ar. "Fiz salmão", ele anunciou com o orgulho de um chef que acabou de receber sua terceira estrela Michelin.
O que ele colocou no meu prato era, de fato, uma homenagem ao carbono. Uma forma escura e enigmática, coberta por uma "crosta" que poderia ser usada para afiar facas. Reuni toda a minha coragem e dei uma garfada. O som foi "clac". Sorri, mastigando o cascalho gourmet. "Hmmm, crocante!", consegui dizer. Nesse momento, meu gato, o Barão Miau, que deve ter um pacto com o caos, saltou na mesa para inspecionar a tragédia culinária e, com a elegância de um trator, derrubou a taça de vinho tinto exatamente no meu vestido branco. A mancha roxa se espalhou como um mapa de nossas desventuras amorosas.
Mas a apoteose da noite ainda estava por vir: o presente. Depois de toda a destruição, ele me entregou um envelope com um sorriso triunfante. "É algo que vai durar para sempre", he sussurrou. Meu coração, aquele idiota, palpitou de novo. Abri o envelope. Dentro, impresso em papel timbrado, estava um voucher para um "Curso Intensivo de Mecânica Automotiva: Troca de Óleo e Noções de Injeção Eletrônica".
Fiquei em silêncio. Olhei para o voucher. Olhei para o meu vestido manchado. Olhei para o salmão fossilizado. Olhei para o Antenor, com sua expressão de pura expectativa. E então, eu desabei. Não de tristeza, mas de uma crise de riso tão forte que quase me fez deslizar nas pétalas novamente. Ri até minha barriga doer, até as lágrimas escorrerem e se misturarem com o vinho no meu vestido.
Foi ali, no meio da fumaça, dos destroços e com a perspectiva de aprender a trocar o filtro de ar, que eu tive a certeza mais absoluta do mundo. Em meio a abraços e gargalhadas, eu disse a ele: "Antenor, você é um desastre. O meu desastre preferido."
Acabamos a noite no chão da sala, comendo uma pizza deliciosa que o entregador nos trouxe. E eu não trocaria meu curso de mecânica, meu vestido arruinado e meu jantar carbonizado por todos os buquês de rosas do mundo. Porque romance de Instagram qualquer um pode ter. Mas um anti-herói romântico que transforma o caos na mais perfeita prova de amor? Esse tesouro, amigas, é só meu.
Autora: Simoni Bergamaschi.
Advogada, Cronista, Mãe, Filha, Irmã, Tia, Cunhada e Amiga.
Fonte: Simoni Bergamaschi
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