Se o novo álbum de Avril Lavigne fosse uma manobra de skate, seria um "kickflip". É assim: o skatista dá um salto e continua seguindo na mesma direção enquanto fica suspenso no ar, esperando o skate dar uma volta completa e se encontrar com ele no chão de volta.
"Love sux" é um pulo desse jeito, que termina igual ao início. Avril viu a indústria musical girar 360º e voltar aos seus pés. Os novinhos que tinham deixado o rock para trás estão ouvindo emo e pop-punk de novo.
O 7º álbum dela, que sai nesta sexta-feira (25), é uma volta às raízes da menina que descobriu Green Day, largou a escola, assinou um contrato com gravadora e estourou com "Complicated" e "Sk8er boI".
A cantora que vem ao Rock in Rio 2022 diz que ficou "em êxtase" ao descobrir que o estilo que ela dominou há 20 anos e que passou uma década em baixa estava bombando de novo com os adolescentes. A conversa é dividida em três partes:
Ela relembra as tais raízes punk-pop resgatadas em 'Love sux' e diz que passou anos ouvindo pedidos para ter 'menos rock' e ter 'menos guitarras' nos discos.
Quando você era mais nova, o que te atraiu para o pop-punk? O que você achou em bandas como NOFX e no Green Day que foi importante para você?
Avril Lavigne - Ouvindo essas guitarras agressivas e a atitude das bandas de rock com esse estilo eu me liguei muito a isso. E a angústia... Quem não ama uma boa canção de rock? Era isso que me movia. Bandas como Offspring, NOFX, Green Day, Blink (182), eram as coisas que me inspiravam na escola, quando eu era muito jovem, antes de ser contratada. Era o que eu achava legal. Eu queria tocar guitarra e fazer rock também. Então aprendi guitarra e fui me tornar quem sou.
Na década passada parecia que o rock estava no fim. Você ouviu muito isso, pessoas te pedindo para colocar menos rock e menos guitarra nas músicas?
Arvil Lavigne - Rolou, com certeza, com várias gravadoras ao longo dos anos. Teve uma época em que as rádios não tocavam músicas que tivessem guitarras. Então minha gravadora queria que eu me afastasse. Baterias ao vivo estavam "datadas" e guitarra elétrica estava "datada".
Alguns discos são um pouco mais suaves. É bom evoluir e tentar coisas diferentes, e eu fiz isso. Porque não posso continuar fazer a mesma coisa sempre.
Mas meus shows sempre foram muito elétricos: guitarras altas, bateria ao vivo, super rock. Sempre mantive meu show assim. Isso é quem eu sou de verdade, de coração.
Este é o meu sétimo álbum e é o mais alternativo, do início ao fim. Eu queria fazer esse álbum desde sempre, e finalmente achei pessoas que realmente me entendem. Fez sentido esse tipo de álbum a essa altura da minha carreira. É um dos meus discos preferidos, com certeza.
Como foi que você percebeu que o pop-punk tinha voltado e era popular com pessoas mais novas de novo?
Avril Lavigne - Fiquei em êxtase, de verdade. Quando vi o álbum do Machine Gun Kelly chegar ao número 1, um artista de rock com canções de punk pop... Vi a evolução dele do rap para um álbum de pop punk tão bem feito. Ele trabalhou com amigos meus, como Travis Barker. Ver o sucesso dos dois foi muito animador. São conhecidos meus, então acabamos trabalhando juntos nas minhas coisas.
É bom ver esse estilo indo bem e tendo o seu momento de novo. Os estilos vão mudando em ciclos. Mas eu estou muito feliz que a nova geração está redescobrindo bandas antigas e curtindo rock agora. E que as rádios estão tocando e aceitando.
Eu sei que 'Love sux' tem um som parecido com o primeiro. E o processo de gravação? O quão diferente ou parecido foi produzir este álbum novo, comparado com o começo?
Avril Lavigne - Eu era tão jovem no meu primeiro disco... Gastei muito tempo tentando saber com quem trabalhar, testando pessoas diferentes. Isso deu muito trabalho, porque eu sabia o que eu estava tentando fazer. Musicalmente eu queria fazer algo legal, inspirada em rock. E na época as pessoas pensavam que eu devia ser uma garotinha fazendo pop chiclete. Então foi um desafio.
Já nesse álbum... Eu me conheço a essa altura, sei o tipo de álbum que eu queria fazer. Coloquei um time em volta de mim, trabalhei com um monte de pessoas super talentosas da cena pop-punk, que me entende como artista. Foi muito fácil fazer esse tipo de música com eles. Não teve muito esforço.